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Discursos de Ódio | A Sombra do Cara Comum

Como os discursos de ódio na internet podem demonstrar a fragilidade e o lado sombrio de um arquétipo coletivista por essência.

 


O ÓDIO NOSSO DE CADA DIA


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Imagem: Pexels

 

Muitos brasileiros estão tentando entender o que ocorreu, e o que ainda está ocorrendo, nestes últimos meses de 2018, ano em que tivemos no Brasil a mais polarizada das eleições presidenciais dos últimos tempos. O ano ainda não acabou, o novo presidente eleito sequer tomou posse, e ainda estamos aprendendo a lidar com um furacão que passou na forma de discursos de ódio devastando a internet e, principalmente, as redes sociais nos últimos meses.

Conheço grupos de amigos e familiares que ainda não se recuperaram totalmente dos embates de 2018 (não deveriam ser “debates”?) e têm esperança que as festas de fim de ano tragam algum alento e uma dose mínima de união para uma população já desgastada pela violência e pelas crises econômica, política e ética dos últimos anos. Mas o que diabos está acontecendo?

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Cultura, Imigração, Notícias

“É preciso descolonizar Portugal”

Num país de maioria branca os negros veem-se logo, mas ninguém repara quando não estão. E não estão em muitos sítios: no Parlamento, nas TV, nas profissões “boas”, nas universidades, nos governos. Uma invisibilidade invisível que a ONU quer combater com a proclamação da década dos afrodescendentes, 2015/24; um apartheid informal que cada vez mais negros portugueses denunciam e tentam “furar”. Vai ser agora, com a terceira geração, dizem

Mamadou Ba, assessor parlamentar do BE, diz que a esquerda tem “falhado estrondosamente” na luta dos negros pela igualdade. Foto Gerardo Santos / Global Imagens

“Tive uma professora negra na escola primária.” A frase de João é recebida com espanto. “Sério?”;”Nunca tive”;”Que sorte”. Estamos na sala da associação de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde decorre o período de debate após uma conferência da socióloga Cristina Roldão, intitulada “Perpetuação do Colonialismo: Afrodescendentes e o Acesso ao Ensino”. A investigadora do ISCTE, ela própria afrodescendente, veio falar do que denomina de “racismo institucional” e cujas consequências no percurso dos alunos negros estudou com o colega Pedro Abrantes num trabalho pioneiro, apresentado há um ano. E no qual se conclui que a escola portuguesa discrimina os estudantes negros, mais vezes chumbados e encaminhados para cursos profissionais do que os colegas brancos, mesmo quando a origem socioeconómica é a mesma.

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