San Pedro de Atacama, quinta-feira, 26 de novembro de 2015 (3° dia).
A essa altura, depois do esforço feito para atravessar as cavernas, o soroche já tinha vindo com força total. Com certa dificuldade eu tentava acompanhar Juan, os portugueses e Daneri – peruana que veio tentar a vida no aquecido mercado turístico de San Pedro de Atacama – na subida de uma duna gigantesca conhecida como Gran Duna ou Duna Mayor. Do alto, é possível apreciar a magnitude de um conjunto de rochas conhecido como Anfiteatro. Impossível não ficar boquiaberto com a paisagem deslumbrante.
Tres Marias é o nome dado a crestas afiadas que brotam do solo e que são compostas por granito, argila, quartzo e outras pedras. Depois de sermos apresentados às famosas “Três Marias” pelo Juan, Gonçalo, o português mais atentado, observou que no entorno, além das três havia mais uma dezena de “Marías”.
San Pedro de Atacama, quinta-feira, 26 de novembro de 2015 (3° dia).
Depois de pedalar de volta até o albergue, esperei algum tempo até a chegada do carro que me levaria ao primeiro tour, o Valle de la Luna, a 4km de San Pedro. Juan, era o nome do guia e logo na entrada da van conheci dois portugueses loucos, Gonçalo e João. Na bilheteria do vale, aproveitei para comer mais uma empanada gigante com o intuito de amenizar os efeitos do soroche, ou mal de altitude, que começavam a se manifestar (já era hora…).
A primeira parada do tour foi no Canyon de Sal. Devido às pedras pontiagudas, eu consegui arrebentar a sola do meu tênis em menos de meia hora. No Canyon de Sal, passamos por cavernas estreitas e escuras. A paisagem “lunar” é de tirar o fôlego (no meu caso, literalmente).
San Pedro de Atacama, quinta-feira, 26 de novembro de 2015 (3° dia).
PÔR DO SOL NA ROCA DEL COYOTE
Seguimos pelo vale até o mirante da concorrida Pedra do Coiote (não existem coiotes no local, o nome é uma alusão ao coiote do desenho animado, perseguidor do Papaléguas). Chegamos mais cedo que os outros grupos, então pudemos aproveitar para tirar algumas fotos boas antes que a multidão de turistas invadisse o local – o que não demorou muito a acontecer, afinal estávamos em uma das paisagens desérticas mais conhecidas e admiradas do mundo.
A essa altura, por volta das 19h30, nem os portugueses figuraças conseguiram fazer meu bom-humor voltar. Mesmo depois de ter tomado três comprimidos, altitude misturada com o cansaço e o frio não me deixaram aproveitar completamente a visão perfeita daquele canyon. Mas o pôr do sol no Vale da Lua é, de longe, um dos mais bonitos que eu já vi na vida!
San Pedro de Atacama, quinta-feira, 26 de novembro de 2015 (3° dia).
FECHANDO OS PASSEIOS COM ABEL
Ao acordar, conheci Abel, marido de Karyn e pai do tímido Moisés, o garotinho dos desenhos. Foi com ele que fechei meu roteiro em San Pedro de Atacama. Começaria com um tour gratuito de bike à Pukará de Quitor e às 16h conheceria o famoso Valle de la Luna.
San Pedro de Atacama, quarta-feira, 25 de novembro de 2015 (2° dia).
CALAMA
O aeroporto mais próximo de San Pedro é o Aeroporto El Loa, de Calama, a mais ou menos 103 km/1h de distância. Cheguei por volta de 17h30 e já na saída haviam várias empresas oferecendo transfers até San Pedro.
Estacionamento do Aeroporto El Loa, Calama, Antogafasta
Me informei com uma funcionária da Sky Airline, empresa aérea que usei para ir de Santiago a Calama, e descobri que daria no mesmo se fosse de transfer ou pegasse um táxi até a rodoviária e de lá um ônibus: mais ou menos 20.000 pesos (ou R$100,00) ida e volta. E por falar em Sky Airline, uma dica…
DICA: Compre a passagem diretamente pelo site chileno da empresa, sai muito mais em conta que na Decolar, por exemplo (cerca de um terço do valor!).
Mas a mesma funcionária me disse que alguns motoristas chegavam a cobrar até 50.000 pesos pelo mesmo trajeto, um verdadeiro roubo! Fechei com a Transvip, uma das muitas agências disponíveis, e peguei o transfer no estacionamento do aeroporto.
O encanto pelo deserto já começa na estrada. Turbinas eólicas, a vegetação e a topografia do lugar formam paisagens únicas.
Ainda estava com um baita sono e em determinado momento apaguei ao som de algum sucesso internacional de rock (o motorista tinha uma preferência musical, digamos, bem definida). Ao acordar, dei de cara com o vulcão Licancabur. Era um indício de que estávamos próximos a San Pedro de Atacama.
SOZINHO NO HOSTAL ALABALTI
O motorista do transfer não conhecia meu albergue, o Hostal Alabalti. Claro, nem sequer havia letreiro ou placa na entrada. Somente o endereço com letras minúsculas (Paso Jama 748). Mau sinal… Cheguei por volta de 18h30 e fui recebido pela Jenny (não sei se é assim que se escreve), uma senhora peruana. No salão do albergue um garotinho assistia a desenhos – logicamente – em espanhol…
O Hostal Alabalti: impossível de identificar…Pepa Pig influenciando gerações por toda a América Latina
Jenny me levou até meu quarto compartilhado, que para minha surpresa não tinha quatro camas, apenas duas. Eu achei o quarto bem bonitinho, apesar do cheiro de pintura recente.
“Quantos hóspedes tem no hostel?” pergunto a Jenny. “Apenas você”, ela respondeu. Confesso que o sentimento nessa hora foi dúbio. Alívio, por não ter que dividir banheiro, WiFi e o quarto com mais ninguém e desespero por não ter ninguém além da família dela para interagir.
Algum tempo depois, Jenny me explicaria que tem um albergue principal, o Kirckir, mais próximo do centro de San Pedro, em que os hóspedes preferiam ficar. A princípio fiquei tentado a me mudar também, mas a questão da exclusividade e da privacidade prevaleceram.
Mais tarde, Karyn – que deve ser filha ou irmã mais nova de Jenny – veio me apresentar os tours disponíveis e seus preços. Fiquei de definir um roteiro até o dia seguinte.
PONTOS POSITIVOS: Privacidade; clima familiar e informal; tranquilidade e silêncio por ser afastado do centro; WiFi gratuito; água quente; bom custo-benefício, equipe atenciosa; agendamento de passeios diretamente no hostel; aluguel de bicicletas; comércio próximo; limpeza.
PONTOS NEGATIVOS: WiFi ineficiente; sem café da manhã; um pouco afastado demais do centro; não oferece toalhas.
Companheiro de cigarro
JANTANDO NA CARACOLES
Depois de caminhar mais ou menos uns quinze minutos, com uma lua cheia lindíssima como plano de fundo, chego a Calle Caracoles, principal rua de San Pedro. Com uma infinidade de opções de restaurantes, tento me orientar mais pelos preços que pelo cardápio.
No fim, acabei em um restaurante chamado Casa de Piedra onde comi um lomo a lo pobre (bife a cavalo, arroz e batatas fritas) acompanhado de um Sprite.
A Calle Caracoles é a “Presidente Vargas” de San Pedro. Nela encontramos tudo: agências de turismo, restaurantes, bares, caixas eletrônicos (sim!), armazéns, mercados populares etc. Só não vi muitas casas de câmbio, mas também não precisei de uma… E por ela eu tentaria me orientar nos próximos dias.
Calle Caracoles à noiteCalle CaracolesCalle Caracoles