Um crescente movimento na cidade prova que nem só de azulejos são feitas as paredes portuguesas
Quem imagina Lisboa com seus prédios pombalinos, calçadas portuguesas e fachadas em tons pastéis dificilmente vai pensar em grafitis e outras intervenções do tipo, mas dentro do processo de intensa modernização pelo qual a cidade vem passando, está o surgimento de cada vez mais muros e painéis assinados por grandes nomes da arte urbana mundial.
Prova disso é o Muro Festival de Arte Urbana que, este ano, ocorreu pela segunda vez na capital portuguesa. Durante três dias, artistas de diversas origens foram convidados a pintar a lateral de alguns prédios em Marvila, um bairro um pouco mais afastado do centro da cidade. Ao todo, foram feitas 15 intervenções — sendo uma delas o rosto do cacique Raoni, ativista dos direitos indígenas e defensor da Amazônia, pintado pelo brasileiro Eduardo Kobra — que juntas formam um verdadeiro museu a céu aberto.
Mas, ao contrário do que se costuma fazer com galerias e exposições convencionais, o mais interessante da arte urbana é deixá-la acontecer no meio do caminho. Entre um lugar e outro, quando menos se espera, aparece um muro que obriga quem passa a diminuir o ritmo e contemplar a arte que se apresenta despretensiosamente, como parte do cenário urbano.
Pensando nisso, destacamos algumas obras que você pode conferir a poucos metros de distância de alguns dos principais pontos turísticos de Lisboa. Assim, entre uma atração e outra, é possível parar por alguns instantes, tirar os olhos do mapa e ver uma Lisboa que se apresenta muito além óbvio.

O Castelo é um dos pontos turísticos fundamentais da cidade. Ao sair da região da Baixa lisboeta (parte do centro mais próxima ao rio Tejo) e subir em direção a ele, é possível ver alguns muros dedicados ao fado. A temática não foi escolhida à toa: foi ali, entre os bairros de Alfama, Castelo e Mouraria, que surgiram as primeiras casas dedicadas ao gênero. Assim, nas Escadinhas de São Cristóvão, diversos artistas se reuniram para criar imagens que brincam com letras e personagens muito presentes nas canções populares e, não muito longe dali, na Rua de São Tomé, encontra-se o retrato da fadista Amália Rodrigues esculpido num muro pelo artista português Vhils, famoso por suas técnicas que “escavam” as superfícies trabalhadas.


Lisboa também é conhecida como a cidade das Sete Colinas. Isso significa que, além de muitas ladeiras, existem diversos mirantes onde é possível ver a cidade e o famoso céu de Lisboa em todo seu esplendor. Um dos mais requisitados, é o Miradouro Nossa Senhora do Monte, no bairro da Graça. A poucos metros dali, é possível encontrar dois painéis assinados pelo norte-americano Shepard Fairey, criador do famoso cartaz “Obama Hope”. Um deles, destaca-se por retratar uma figura feminina segurando uma arma com um cravo no cano, em alusão à Revolução dos Cravos que libertou Portugal de uma ditadura de mais de 40 anos.
