Aguas Calientes, quarta-feira, 26 de junho de 2013 (6° dia).
(QUASE) O PRIMEIRO ÔNIBUS…
O relógio tocou umas 4h30 da manhã. Depois de um banho rápido e um café digno no hostel, nos dirigimos até o ponto de venda das passagens para Machu Picchu (se não me engano, custou US$ 20,00 na época). Esperávamos encontrar o ponto vazio, mas já havia uma fila imensa! Aproveitamos para comprar alguns salgados em um mercadinho próximo e inserimos ilegalmente nos bolsos (não se pode consumir alimentos em Machu Picchu). Nosso ônibus foi o terceiro ou quarto a sair. Esse, provavelmente, é o horário de pico em Machu Picchu, a maioria dos viajantes quer ver o dia amanhecendo lá.
ENTRANDO NO PARQUE
Na entrada do parque encontramos com o pessoal da noite anterior. Eles tinham um guia, mas preferimos seguir sozinhos. Logo após as cancelas, podemos observar várias placas comemorativas, umas homenageando Hiram Bingham (redescobridor de Machu Picchu), outras em comemoração ao centenário do sítio arqueológico etc.
O IMPACTO INICIAL
Uma das coisas mais impactantes de Machu Picchu é justamente o visual da entrada do parque. Impacto este que, dizem, não é sentido pelos os que fazem a Trilha Inca até Wayna Picchu (ou Huayna Picchu, principal montanha do sítio), já que o visual é completamente diferente. Ao redor, pudemos observar as montanhas com seus topos nevados e, embaixo, o Rio Urubamba.
UM SANTUÁRIO PARA CHAMAR DE SEU
“Depois de chorar feito criança durante pelo menos uma hora admirando aquela paisagem, eu desisti… Desisti de entender o que não tem explicação, de remoer mágoas que ficaram pra trás, de tentar entender o motivo pelo qual as pessoas entram e saem de nossas vidas, de buscar um sentido para o que há muito já foi perdido… E assim, cheguei à conclusão de que no fundo a vida não é nada mais do que isso: Uma GRANDE viagem!”, escrevi alguns dias depois.
Foi essa a vibração de Machu Picchu. Longe de qualquer misticismo, o lugar é de cair o queixo! Gigantesco, imponente! Mas vá com alguém que tenha paciência para abstrações (eu tive essa sorte)… Agora trazendo para o misticismo, a energia do lugar já pode ser sentida no caminho. No ônibus eu já estava calado, na minha, pensativo. Enquanto as pessoas papeavam, tentavam tirar um cochilo ou cantarolavam a musiquinha que tocava na rádio, eu me dediquei a sentir o lugar. A sensação é única e depende da vibe de cada um… Você pode ser uma pessoa extremamente espiritualizada e nada acontecer, até que você acaba por se dedicar a tirar fotos e a fazer vídeos de mais um ponto turístico, ou você pode estar em um momento extremamente mundano e, ainda assim, se conectar à vibração do lugar de uma forma bizarra. É muito relativo… Para mim foi como entrar em um santuário. Eu já tive alguns momentos bem impactantes na vida, e um deles, certamente, foi observar os primeiros raios de sol tocarem Wayna Picchu. Mas de fato, o que passou pela minha cabeça? Tudo! É algo bem clichê, mas é inevitável que “passe um filme da sua vida inteira pela cabeça”. Chegar à Machu Picchu foi uma espécie de reencontro com muitas faces renegadas ou ignoradas da minha própria personalidade. Foi uma superação, um desafio aceito e ganho! Depois de Machu Picchu passei a acreditar (na verdade, voltei a acreditar) no impossível… Aí, as pessoas podem pensar “Nossa, isso tudo porque foi visitar um sítio arqueológico num país em desenvolvimento?!” Pois é, para alguns nunca vai passar disso mesmo…
E eu lembro de ter agradecido muito ao Universo (quem preferir pode chamar de Deus) por conspirar ao meu favor. Pelas oportunidades que me levaram até ali, pelas pessoas que eu conheci no caminho, pela vida que eu havia trilhado em 31 anos, pela saúde que nunca faltou nem a mim nem aos meus, pelas lições aprendidas a duras penas… Por tudo! Mas confesso que uma boa parte das lágrimas foram fruto da conclusão de que havíamos chegado ao fim da viagem… E que a partir dali seria o caminho de volta…


TEMPLO DO SOL
Como havíamos passado a pouco pelo solstício de inverno, o Templo do Sol tinha um significado todo especial. Única construção arredondada de Machu Picchu, esse templo foi projetado com duas janelas alinhadas com o nascer do sol nos dois solstícios, respectivamente os dias mais longo e mais curto do ano..

Templo das Três Janelas
Terraços agrícolas
Intihuatana
Rocha Sagrada
Entrada para Wayna Picchu
Wayna Pichhu


TEMPLO DO CONDOR


Templo do Sol


O RETORNO
Saímos de Machu Picchu no meio da tarde. Já havia algum tempo que tínhamos consumido ilegalmente nossos lanches (depois da entrada de Wayna Picchu tem uma área menos movimentada) e a fome começou a apertar. Voltamos para Aguas Calientes, e após outro lanche rápido, voltamos para las termales. Ainda tínhamos algum tempo antes do nosso trem sair e resolvemos nos despedir em grande estilo: horas e horas submersos em água quente ouvindo Pink Floyd!
ATÉ A PRÓXIMA, AGUAS CALIENTES
Como já havíamos feito checkout no hostel, tivemos que pegar o trem cheirando a enxofre mesmo… Na volta preferimos pegar o Vistadome, perfil intermediário dos trens da Peru Rail. Por um pouco a mais ganhamos mais conforto e um lanche melhor! Quem puder, vá de Vistadome, (ou de Belmond Hiram Bingham, se a grana estiver REALMENTE sobrando!) o custo-benefício compensa! E nossa viagem de volta ainda teve direito a desfile de roupas feitas com lã de alpaca! Impagável…
CLIMA DE DESPEDIDA
Voltamos ao Chincana, em Cusco, para o último pernoite. Como teríamos que acordar cedo para pegar o avião de volta para Lima, nem pensamos em fazer nada. Ainda restavam alguns petiscos comprados em um mercadinho e essa foi a nossa janta, já em clima de despedida. Tomamos nosso último chá de coca preparado pelo Augusto e já deixamos marcado o táxi para o dia seguinte. (Não, não íamos cometer o mesmo erro da vinda…)
A seguir: Lima